sexta-feira, 28 de outubro de 2022

O Oriente Místico de Chao Balós - Cap. XXVIII

O infame corsário Coja Acem:

“Partindo nós deste porto do Chincheo, fomos mais adiante cometidos por cinco juncos de um temerosíssimo cossario, por nome Coja Acem, capitão e caciz maior d’el Rey de Bintão, e muito inimigo dos Portugueses. Quis ele nos albaroar; mas como no nosso junco se achavam muitos mouros da nossa esquipagem, fizemos logo os nossos sinais de paz, e amizade, pela qual causa cessou a muito custo o seu cometimento.

Despedindo nós um balão na companhia de três mouros dos mais escolhidos, e capazes, foi André de Barros ao junco do Coja Acem, a quem lhe disse que éramos mouros da costa do Malayo, e no ano passado tínhamos ido a Meca fazer a nossa peregrinação. Estando nós todavia faltos de cabedais, pela razão de um grande temporal que nos sobreveio na torna-viagem desta romaria em que perdêramos a nossa embarcação, e sendo poucos de nós os sobreviventes, com muy grande esforço arrematara ele este junco em que se achava agora, e o apercebera para fazer a mercancia nestas partes da China, tendo porém muy receio de ser cometido por alguma embarcação de Portugueses.

Dizendo-lhe que muito ódio tinha a todos esses perros que infestavam a costa dos Chins, soltou Coja Acem uma estrondosa gargalhada, e com muy boa disposição fez muitos cumprimentos a André de Barros, perguntando-lhe depois o que tinha como paga para a sua liberdade; porque como se achava diante de um cossario, como era Coja Acem, havia este de fazer algum ganho”.

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