quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Momento Quora

Qual livro que mais te tirou da sua zona de conforto?

Foi O Oriente Místico de Chao Balós. Sou o autor desta novela histórica que se desenrola no século XVI. 

Tirou-me da minha zona de conforto por várias razões:

  • Embora fosse jornalista, nunca antes tinha escrito um livro de época, ainda por cima com mais de quinhentas páginas.
  • Tinha pouco conhecimento dos factos históricos a que se reporta a história.
  • Desligar a minha mente de uma pessoa de finais do século XX, inícios do século XXI, e conseguir encaixar no perfil de alguém do século XVI.
  • Detectar erros históricos ou omissões grosseiras. Consegui, de certa forma, salvaguardar esta eventualidade.
  • Acostumar-me à escrita do século XVI e tentar simplificá-la um pouco para o contexto actual, sem perder aquele toque antigo.
  • Mudanças de rumo da história ou das personagens nunca foram fáceis para mim, tendo em conta que já estava habituado a vê-las de uma certa forma.
  • Algumas crises emocionais ou frustrações quando estava em becos sem saída, seja por não conseguir encontrar informação sobre determinadas situações, seja por não ser preciso nos modos de vida da época ou por não conseguir encontrar aquele livro que me ajudaria a andar com a narrativa para a frente. Ultrapassei tudo isto com o tempo. Hoje, esboço um sorriso sobre algumas situações...
  • Sentir que podia aprofundar / descrever com mais pormenor determinados acontecimentos ou algumas regiões da Ásia ou do Médio Oriente, optando por não o fazer por perceber que o livro ficaria bastante grande. Mais tarde, deram-me a ideia de escrever um ou outro "spin-off".
Veja o link no Quora: https://qr.ae/pvgvmE

Ditos & Citações


terça-feira, 30 de agosto de 2022

Momento Quora

Eu planejo escrever um livro que se passará no século XV ou XIV. Onde e como devo começar minha pesquisa?

Escrevi um romance histórico no século XVI. Foi um livro de grande fôlego, com muitas páginas.

No meu caso, fui fazendo “especialização” (o termo é meu), à medida que ia escrevendo capítulos. Explico melhor…

A história começa numa vila portuguesa. Então, estudei essa vila no século XVI e também as personagens iniciais.

Depois foi Lisboa, e seguiu-se a viagem de barco (nau) para a Índia.

A próxima fase de estudo foi a vida em Goa e na Índia, e por aí adiante.

Muitas vezes relia os capítulos já escritos e reescrevia / acrescentava / cortava. Outras vezes, iniciava um capítulo (deixava uma ideia) e depois com o tempo conseguia desenvolvê-lo, ou mudar de direcção, consoante o conhecimento que fui adquirindo.

A parte mais engraçada é que sempre soube como começava e acabava a história, mas o resto fui sempre construindo ou mudando.

À medida que vai avançando no livro, vai tendo mais conhecimento histórico e sensibilidade para escrever mais e melhor sobre a sua história.

Vai passar por momentos de muita alegria, mas também de frustração. Não desista! Espero que lhe tenha ajudado de alguma forma. Boa sorte :)

Veja o link no Quora: https://qr.ae/pvbfjy

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Leitura do Dia

“A History of Ayutthaya, Siam in the Early Modern World”, de Chris Baker e Pasuk Phongpaichit. 

"Os reis acumulavam esposas e consortes por razões práticas de sustentar a linhagem e construir alianças matrimoniais, mas também como demonstração simbólica de poder do rei. [Tomé] Pires relatou na década de 1510 que o rei siamês 'tem muitas esposas, mais de quinhentas,' provavelmente um exagero, mas indicativo de um número impressionante".

Página 110

(traduzido do inglês)



sexta-feira, 26 de agosto de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XXII

Viagem e assentamento de morada em Malaca

“No sétimo dia do mês de Maio de 1535, tendo o fato dentro de duas arcas dei ordens aos carregadores, e seis criados, para virem comigo ao cais aonde André de Barros já me esperava. Ainda que tivesse informado a minha muy estimada mulher a não vir ao cais nem com os nossos filhos, pois não queria que houvesse mil dores de coração, não consegui evitar uma grande tristeza em a deixar nesta cidade.

Depois de tudo feito, e de lhes dar folhas de betele, mandei os criados tornar às casas de morada de sua ama, minha mulher, o que todos fizeram com muitos prantos. Comigo ficou somente o boy, que acarretava um sombreiro de pé alto, e não estando mais precisado dele o despedi, e se foi contente com as folhas de betele, que lhe dei pouco antes de me ir a embarcar com André de Barros, na nau que nos levaria até à cidade de Malaca, a qual foi conquistada pelo muy afamado, e valente, Affonso D’Albuquerque.

A jornada apertou-me o coração de saudades pelos onze anos de minha vida em Goa. No meu pensamento desfilaram algumas lembranças da muy abastada rua direita, e dos meus bons amigos aqui moradores, a saber: Diogo Vaz, alfaiate, Bastiam Gonçalves, cavaleiro da criação d’el Rey, casado com Maria Vaz, criada que fora do muy grandioso Affonso D’Albuquerque, e João Rodrigues, boticário. Também não me saía dos miolos a rua de Figueiredo, onde eram moradores Ruy Gonçalves de Caminha, e Christovão de Figueiredo, o tanadar mor das terras firmes que lhe dera o nome (o mesmo que fora da privança d’el Rey Crisnarao), nem a rua da carreira dos cavalos, a caminho de Benestarim, onde se fazem muitos jogos, e folguedos, com cavalos”.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XXI

Ardil para tentar convencer o governador Nuno da Cunha a atacar Mascate

“Como havia que magicar alguma cousa para acabar com esta ameaça me fui com todas as pressas à fortaleza pedir uma audiência ao Governador Nuno da Cunha. E como era necessário ao meu propósito lhe persuadir a cometer os traidores de Mascáte, usei o artifício, que todos eles nada mais tinham como tenção, do que acabar com a sua vida nesta cidade de Goa; porque escutando por ocaso uma conversa na villa de Mascáte, pusera a descoberto três homens da terra de grossas fazendas.

Estavam eles muy desagradados com o tratamento que os Portugueses davam aos barcos Arabios, os quais muitas vezes eram roubados, e faziam deles suas presas, ou os metiam no fundo do mar. Ouvi injuriosas palavras, e terríveis ameaças, que todos juraram fazer a Nuno da Cunha, por causa das suplicias que os nossos infligiam aos embarcados; porque se uns não escapavam da morte, outros tinham a má fortuna de ficar cativos, ou ser vendidos como escravos. Para eles havia que acabar com todas estas maldades, em razão dos Portugueses corromperem a boa convivência dos que seguiam a Lei de Mafamede, pondo uns contra os outros; porque se muitos eram seus inimigos, havia também mouros seus aliados”.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Leitura do Dia

"Lisboa Manuelina e a formação de modelos urbanísticos da época moderna (1495-1521)", de Helder Carita.


“Integrado no novo plano de reordenamento urbano da cidade de Lisboa de 1498-99, desenvolve-se o processo de abertura dum grande eixo urbano que, atravessando toda a área da Baixa, permitia a ligação da zona da Ribeira com o então chamado Roçio a par São Domingos. Da denominação oficial desta via como Rua Nova d’El-rei, transparece nitidamente um conteúdo ideológico, ao associar o poder real e a imagem do rei com as grandes transformações urbanas que se processavam na cidade”.

Página 75.


sexta-feira, 19 de agosto de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XX

Cativos no mar Arábico 

“Depois de levantarmos âncora deste formoso porto de Mascáte, velejávamos por nossa derrota no mar alto quando enxergámos a aproximação de duas naus pejadas de mouros, sem pormos diante dos olhos o cometimento que nos esperava.

Ao percebermos que as ditas embarcações nos vinham fazer guerra, empreendemos as maiores pressas para fugirmos do perigo em que já estávamos metidos; porém fomos logo assombrados com tiros de falcões, roqueiros, e berços, que nos romperam as velas. Três dos nossos morreram queimados, por causa das panelas de pólvora, que lançaram sobre nós, e ao sermos abalroados puseram 50 ou 60 mouros dentro da nau, ficando todos nós rendidos”.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XIX

Viagem à Arábia e Pérsia

“Aziscão, da privança do Xech Raxit, passava muitas vezes à cidade de Goa aonde fazia com muy grosso proveito o trato privado de aljofre, e pérolas da ilha Barem, que fica ali a cinco dias de navegação de Ormuz. Homem muito alto, e formoso, de tez alva, e bem apessoado, vestia os seus panos de seda apertados por uma rica cinta com adaga guarnecida a ouro, e prata.

Muito me alegrava fazer falas com a sua filha, por nome Caman, quando os parentes, e as criadas, não estavam por perto, e os dois mercadores se deleitavam à mesa por largo tempo com faustos banquetes, recolhendo-se depois para tocar, e ouvir boa música, com os instrumentos próprios da terra. O meu coração palpitava, como que a querer sair fora do peito, quando trocávamos olhares, ou cochichávamos fora das vistas do seu pai, e todos os seus outros parentes”.

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Momento Quora

Qual é o seu escritor preferido?

Fernão Mendes Pinto, sem dúvida!
(Montemor-o-Velho, 1510–1514 - Pragal, Almada, 8 de Julho de 1583)

A sua "Peregrinação" é um hino à literatura portuguesa. Não obstante a versão original ter sido escrita num português bastante difícil de assimilar para a maioria das pessoas de hoje, é meu entendimento que o conteúdo surpreende, muitas vezes, pela formosura das palavras empregues e por narrativas inimagináveis de acontecer no Velho Continente, tanto no século XVII (a obra só foi lançada em 1614), como agora.

"Peregrinação" é importante para conhecer, e entender, a vida e as tradições de vários povos orientais, assim como alguns factos importantes da sua história. Comummente, o aventureiro português deixa-nos testemunho sobre as características das gentes e dos lugares por onde terá passado, descrevendo diversos eventos históricos com o pragmatismo que se lhe conhece.

O cronista tem sido injustamente acusado de ser mentiroso - há aquela famosa expressão, "Fernão, Mentes? Minto!". Embora a obra literária seja supostamente de carácter autobiográfico, também é certo haver nela algo de fantasioso. 


No entanto, está comprovado que muitos factos descritos na "Peregrinação" são bastante fidedignos, sem esquecer que o autor terá se deparado com vários acontecimentos por interpostas pessoas, estando eu certo que decidiu inclui-los na narrativa de forma ficcionada por serem importantes para o conhecimento na Europa de então.


Veja o link no Quora: https://qr.ae/pvwXqk

Leitura do Dia

O Manuscrito de Lisboa da ‘Suma Oriental’ de Tomé Pires” (contribuição para uma edição crítica), de Rui Manuel Loureiro.

“A roupa de Bemgala vall muito em Malaqua, por que hé de valia de todo [o] Levamte. Pagam em Malaca a seis por çento. Sam pesoas que sabem muito na mercadoria, e daqui de Malaca empregam todo seu dinheiro, em que fazem muito proveito, o que em Paçem, omde tambem vam todas estas mercadorias, não podem fazer senão em pimenta e seda seu dinheiro”.

Página 126.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Capítulo XVIII

Do que mais sucedeu até Nuno da Cunha chegar à Índia como governador:

Pero de Faria, arrebatado por uma grande ira, mandou chamar o Governador, o qual chegando com os seus à rua de São Jorge viu grande cópia de gente (onde também se achava esta minha pessoa), com muitas lanças, e alabardas, nas mãos: a qual gente acorria à causa de Heytor da Silveira. Vendo o Governador que Heytor da Silveira se achava com os seus partidários, e pelo risco em que tudo ficava, rompeu muy supitamente pela gente, com o propósito de chegar defronte das casas. Diogo da Silveira chegando-se ao balcão fez uma fala desta maneira para quem na rua estava pelo seu primo:

Não vedes, Senhores! Isto, que quer Lopo Vaz, que aí está, tomar por força a governança da India, a cuja é, mas não é bem que lhe consintam.

Entrando-me isto pelas orelhas, tirei logo a adaga da cinta, pois era minha determinação chegar à beira do Governador, e fazer justiça por minhas próprias mãos. Havia que lhe dar este merecimento o quanto antes para salvação da nossa India, e glorificar o trabalho d’el Rey de Portugal, que arruinado já estava com Lopo Vaz de Sampayo. Com tudo fui logo agarrado nas mãos, e peito, por Saipe, e outros dois marinheiros da minha esquipagem, os quais me rogaram para não começar esta briga; porque dela poderíamos sair muito mal tratados, e com risco de nossa própria vida”.

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Capítulo XVII

As diferenças entre Lopo Vaz de Sampaio e Pero Mascarenhas:

Neste ano de 1526, zarpava de Portugal mais uma armada da Carreira da Índia, com duas novas sucessões, enviadas por el-Rei D. João III, ao governador D. Henrique de Menezes, após o monarca ter recebido a notícia, em Outubro do ano anterior, da morte de Vasco da Gama, e respectiva sucessão. Eram capitães desta armada Francisco de Anhaia, Tristão Vaz da Veiga, António de Abreu, Vicente Gil e António Galvão (não houve capitão-mor).

Chegando os dois primeiros a Cochim com as vias de sucessão, não quiseram entregá-las a Afonso Mexia, dado que não podiam fazê-lo a D. Henrique de Menezes, que já tinha falecido, nem a Pero Mascarenhas, que era o legítimo governador, mas estava em Malaca. Tal facto não demoveu o vedor da fazenda, que depois de convencê-los a muito custo do contrário por requerimentos e debates chamou a si a responsabilidade de abrir as sucessões, que indicavam Lopo Vaz de Sampaio como governador na morte de D. Henrique de Menezes, e António de Miranda de Azevedo como capitão-mor do mar, enquanto Pero Mascarenhas sucedia a Lopo Vaz de Sampaio na sua morte.

Num alvará solto que Afonso Mexia encontrou nas vias, D. João III explicava a D. Henrique de Menezes, e ao vedor da fazenda, que não se usasse as sucessões dos governadores que estavam na Índia, mas que as enviasse fechadas no segredo em que estavam. E se as novas sucessões não chegassem à Índia e falecesse D. Henrique de Menezes, também não seriam abertas as antigas, dado que governava Lopo Vaz de Sampaio até chegarem as novas, sendo então governador quem nelas fosse nomeado. Deste alvará se disse que fora falseado, e metido nele esta parte de dizer que Lopo Vaz governasse até virem as sucessões novas, assinalou Gaspar Correia”.

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Momento Quora

"Por que o primeiro capítulo de um livro ou romance é o mais importante e difícil de escrever?" Veja a minha resposta à pergunta do Quora: https://qr.ae/pv5sqd

Tive essa experiência ao escrever o meu primeiro romance histórico, "O Oriente Místico de Chao Balós"

O início da narrativa é de primordial importância para atrair ou cativar o leitor. Se é apelativo, certamente cresce o desejo de continuar a leitura.

Diria que os primeiros dois/três capítulos da minha obra - num total de 43 - foram os mais difíceis de compor, com incontáveis revisões, cortes e acrescentos, no estilo de escrita coeva e na gramática. Hoje consigo perceber que a maior dificuldade sentida foi por as personagens e a trama estarem ainda numa fase bastante embrionária.

À medida que a escrita foi avançando, também o processo de amadurecimento e conhecimento histórico sobre vários temas versados no livro foi aumentando consideravelmente, sendo por isso imperativo fazer as devidas correções (sempre que justificáveis).

Tive muito menos dificuldades nos restantes capítulos. Alguns, mesmo, foram bastante fáceis de redigir, pois já tinha uma ideia definida sobre que rumo a dar à história; pela experiência adquirida no estilo de escrita; e pela visão mais clara sobre os acontecimentos da época.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XVI

Prisioneiros de um rei da costa do Malabar:

“A nós nos serviu por língua um nativo, que fora piloto num junco da costa do Malayo, evitando-se assim maior dano para os nossos. A ele lhe contei miudamente o triste caso que nos fez chegar à praia desta costa, assim os muitos trabalhos, como a grande fome de todos nós; porque o que agora mais desejávamos era estarmos providos de agasalho, termos o que comer, e arranjar maneira de tornarmos a Goa. Com isso não éramos espiões, que vinham aqui colher informações para depois avisarmos os nossos; os quais aqui vindo, e apanhando esta villa desprevenida de defesas, a destruíam de todo, a ferro e fogo, como sucedera com outras povoações da costa do Malabar, que não obedeciam à Lei d’el Rey de Portugal.

Sentindo ele muito a nossa infelicidade logo lhe pedi muito que dissesse, ao Rey da sua gente, para nos conceder uma audiência; porém não soube como atender ao meu pedido; porque Sua Alteza estava enferma, e não lhe restava muito mais tempo de vida. A el Rey lhe fora dito, por um sacerdote da sua gentílica seita, que não lhe era permitido se valer das curas que correm no Malabar; porque assim lhe revelara o ídolo de um pagode da sua idolatria, sob pena de um terrível castigo pôr em risco a sua pessoa, e seu Estado.

Fazendo muito caso desta feitiçaria do seu sacerdote, e assaz desesperado pelo que lhe entrara nos ouvidos, sentenciara el Rey a morte de todos nós para daí a dois dias; porque recebendo o seu ídolo os sacrifícios, teria ele a vida poupada, conforme lhe dissera aquele ministro da sua corrupta idolatria. Tivemos muy grande medo do que nos esperava, e após termos esta triste nova confirmada deixou o língua de vir até nós, e nem comida nos trouxe”.

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Primeiro Esboço

O primeiro esboço da capa para o romance histórico “O Oriente Místico de Chao Balós” pela mão do conceituado cartoonista Rodrigo de Matos (Rodrigo Cartoon).



quinta-feira, 4 de agosto de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XV

Da ida a Bisnaga, capital do Reino de Narsinga:

Vai este Reyno de Narsinga, que por outro nome se chama terra do Canará, desde os muitos lugares que há nele na costa da India, digo Amcola, Mirgeo, Honor, Baticala, Mangalor, Bracalor, Bacanor (onde el Rey de Portugal tem as suas feitorias), e outras mais povoações da banda do Oeste, até ir ter a Balagate, e ao Charamandel, da banda do Leste, e ao Reyno de Orixá, ou Orya, que parte com Bengala, e ao Reyno Daquem, da banda do Norte.

Para bom governo do Reyno tem el Rey Crisnarao os seus oficiais, digo o regedor, a segunda pessoa que há nele, e o tesoureiro (com os seus escrivães da fazenda), o tesoureiro mor, o porteiro mor, o tesoureiro da pedraria, o estribeiro mor, e o que mais há somente tem capitães, todos gentios, por quem reparte o seu Reyno, por quanto não tem outros oficiais. Assim me disse um honrado mercador da terra que el Rey já tinha determinado que o seu filho de seis anos o havia de suceder em vida; porque desejava descansar na velhice, depois de alcançar muitos, e grandes sucessos nas guerras, como fora na tomada de Rachol ao Hidalcão, num grande feito de Christovão de Figueiredo, casado de Goa, que fazia o trato de cavalos para Bisnaga, e à sua gente, vinte Portugueses espingardeiros”.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

❤️❤️❤️