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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Efemérides

𝐃𝐢𝐚 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐫𝐞𝐜𝐨𝐫𝐝𝐚𝐫 𝐔𝐦𝐛𝐞𝐫𝐭𝐨 𝐄𝐜𝐨

(5 de Janeiro de 1932 – 19 de Fevereiro de 2016)

Autor dos romances “O Nome da Rosa” e o “Cemitério de Praga”, o escritor italiano Umberto Eco foi também um brilhante filósofo, medievalista, semiólogo, linguista e um profícuo ensaísta.

“O Nome da Rosa” ganhou o Prémio Strega, em 1981, e foi adaptado ao cinema, em 1986. O filme, dirigido por Jean-Jacques Annaud, contou com Sean Connery e Christian Slater nos principais papéis.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XXXII

A curta governação do tirano em Odiaa

"Neste espaço que venho tratando morreu o Reyzinho, também por peçonha, que lhe deu o tirano, por nome Uquumcheniraa, como atrás já fica dito; mas ao seu irmãozinho, por nome Çessine, na idade de sete anos, não lhe tirou a vida.

Com este desimpedimento se casou a Raynha [Thao Srisudachan] com o tirano, e o fez Rey. Assim foi ele em procissão pela cidade com grande pompa, e majestade, assentado numa cadeira guarnecida a ouro, e prata, que ia nas costas de um esplendoroso alifante branco (de muita veneração nestas partes). E sendo acompanhado de todo o seu Estado, também ia o Viso-Rey, seu irmão, por nome Nachaan.

Passantes quarenta e três dias tornou Marinha a sua morada sem risco de sua vida (assim como tornara o seu pai, e marido), pela morte desta má Raynha, e seu amigo, e de todos os que estavam por sua parte”.

Foto: "Thao Srisudachan" (filme tailandês).

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Leitura do Dia

"1640 (O poeta, a professa, o prosador e o pregador)", por Deana Barroqueiro.

Comemora-se hoje em Portugal o dia da Restauração da Independência. O romance histórico de Deana Barroqueiro abarca um período conturbado que nos permitiu ficar livres do jugo da Dinastia Filipina:

"No dia 1 de Dezembro de 1640, ao soarem as nove horas da manhã, de umas carruagens discretamente paradas no Terreiro do Paço saíram alguns fidalgos que, ocultando as armas sob as capas, assaltaram o Paço Real, sem encontrar resistência. Em 15 minutos os amotinadores mataram o secretário Miguel de Vasconcelos, que descobriram escondido num armário, lançaram o seu corpo pela janela para junto do povo na praça e proclamaram rei de Portugal o 8º Duque de Bragança.

A multidão saqueou o Palácio e deu vivas ao futuro rei D. João IV, mas a cerimónia oficial da aclamação só teve lugar na manhã de 15 de Dezembro num palco armado no Terreiro do Paço, aos gritos de "Real, Real, Real, por El-Rei D. João IV, rei de Portugal!". A vice-rainha espanhola, a Duquesa de Mântua, refugiou-se no Convento de Santos-o-Novo e vai regressar a Espanha.  

O movimento da Restauração despertou grande entusiasmo por todo o país...".

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Efemérides

Dia para recordar Eça de Queiroz (25 de Novembro de 1845 – 16 de Agosto de 1900)

Figura incontornável da literatura portuguesa, são poucas as palavras que tenho para descrever o seu génio como escritor.

Dotado de uma narrativa elegante, fruíram da sua pena o realismo descritivo e a sátira mordaz que caracterizavam os seus romances.

Autor de “Os Maias”, “O Crime do Padre Amaro”, “O Primo Basílio” e “A Tragédia da Rua das Flores”, entre outras obras notáveis.

Destaco, todavia, “O Conde de Abranhos” como a minha favorita. A obra foi adaptada para serie de televisão em 2000. 

Contou com as interpretações de Paulo Matos (Alípio Abranhos), Sofia Alves (Virgínia Amado Abranhos), Nicolau Breyner (Padre Augusto), Rui Luís (Desembargador Amado), Cármen Santos (Laura Amado), João d’Ávila (Zagalo) e Henrique Viana (Vaz Correia), entre outros.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Looking Around | Olhando em Redor

𝐈'𝐦 𝐭𝐡𝐞 𝐛𝐨𝐬𝐬 𝐨𝐟 𝐦𝐲 𝐨𝐰𝐧 𝐡𝐚𝐩𝐩𝐢𝐧𝐞𝐬𝐬 (versão portuguesa em baixo)


When I'm writing fiction, I'm a truly happy person.

Do you want to find out why?

I forget the insanity that has engulfed the world, the oppressors' wars, and the injustices perpetrated by the insane. They are all evil because they are unresolved with themselves.

How can I fight that?

I can be anywhere and at any time when I write. Either in the past, the present, or the future. I can freely travel through my imagination, describing anything exactly how I want it to happen.

Isn't that wonderful? Is this what happens to you when you sit down to write?

What if I'm a crazy writer? An evil mind that puts fictional thoughts into words in such a way that they almost sound real.

That is not an issue. I will not have such an impact on people that they will change their course simply because I said so. Rest in peace! I assure you that my beautiful imagination does no harm.

Why did I say beautiful? Am I being too narcissistic?

Absolutely not. It's beautiful because I can dream and write in whatever way I want. That is the power of verbalizing your thoughts.

Indeed, when I'm writing fiction, I'm a truly happy person.

Did you write any stories? What did you think?

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𝐒𝐨𝐮 𝐝𝐨𝐧𝐨 𝐝𝐚 𝐦𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐩𝐫ó𝐩𝐫𝐢𝐚 𝐟𝐞𝐥𝐢𝐜𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞

 

Sou verdadeiramente feliz quando escrevo ficção.

Sabe porquê?

É quando esqueço a loucura que tomou conta do mundo, as guerras perpetradas pelos opressores e as injustiças dos loucos - são todos lunáticos porque não estão resolvidos com eles próprios.

Mas como luto contra este estado de coisas?

Quando escrevo posso estar em qualquer lugar e a qualquer hora, seja no passado, no presente ou no futuro. Posso viajar livremente pela minha imaginação, descrevendo algo exactamente como quero que aconteça.

Não é fantástico? Também acontece o mesmo quando você se senta para escrever?

E se eu for um escritor varrido da cabeça? Uma mente maligna que coloca pensamentos fictícios em palavras de tal forma que são quase reais?

Isso não é um problema, pois sei que não vou ter um impacto tão grande ao ponto das pessoas mudarem o seu rumo de vida simplesmente porque eu escrevi algo. Garanto-lhe que a minha bonita imaginação não traz nenhum mal ao mundo.

Mas por que disse bonita? Será que estou a ser narcisista?

Claro que não. É bonita porque posso sonhar e escrever do jeito que quiser. É esse o poder de verbalizar os meus pensamentos.

É por isso que sou verdadeiramente feliz quando escrevo ficção.

Já escreveu alguma história? O que sentiu?

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XXIX

O fascínio por uma mulher siamesa

"No topo das escadas desta grande morada, feita de rijas madeiras, assentes em grossas estacas, apareceram três mulheres roupadas com ricas sedas, que nada concordavam com o traje roto, e esfarrapado, de quem carregava eu nos meus braços. Tive para mim um grande fascínio pela elegante pose da moça donzela que se pôs adiante de todas as outras. O seu porte delgado, e baixa altura, fazia boa figura com os cabelos castanhos, curtos, e puxados para trás. Entrou logo em cuidados, ao dar conta do estado lastimoso em que se achava a mulher amparada nos meus braços, a qual deitei no chão com muito cuidado.

Os prantos de angústia, e gritos de aflição, que as outras mulheres bradaram neste meio tempo, puseram em sobressalto dois homens, que não sabendo o que se passava acudiram muito depressa a saber o que era. O mais velho, homem honrado de grossa fazenda, segundo o traje de sua pessoa, seria de cinquenta e poucos anos, e o outro (quiçá seu filho) sem embargo de se achar bem roupado, vinha até nós com passos pouco firmes, semelhantes às cambetas dos bêbados. Com isto se apressou o dito sacerdote a lhes dar miúda notícia do infeliz acontecimento.

Entregando a mulher ferida ao cuidado desta honrada gente, pousei em suas mãos um remédio, que muito ajudaria a sarar as feridas, que lhe toldavam o rosto. E estando prestes a fazer o meu caminho, quis uma voz suave me deter neste meu intento. Estremeci quando Belchior Barbosa, por saber a língua da terra, me disse que aquela moça donzela (de admirável formosura) estava muito agradecida, por pormos em salvo uma criada do serviço de sua família".

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Capítulo XXVI

O que Abenabo conhecia de Jerusálem 

    “Depois de Abenabo me falar miudamente da rua vulgarmente dita da amargura, pela qual Jesus Cristo foi com a Cruz às costas, desde a casa de Pilatos, até ao Calvário, onde foi por nós oferecido, e sacrificado, para a salvação do mundo, ouvi dele com muita curiosidade que o sagrado Monte Olivete fica numa encosta, em que subindo por um certo caminho, e chegando no meio dele, se acha à vista o Templo de Salamão, e quase toda a cidade.

É o dito Monte Olivete, onde o nosso Redentor recebeu a traição de Judas (que o entregou aos Romanos, antes d’Ele ir à casa de Caiphas, e à casa de Pilatos, e daqui ao Calvário), muy venerado por Turcos, e mouros, assim como por cristãos de muitas nações, que se põem ali a orar, e a cantar, e a contemplar, na vigília D’Ascensão de Nosso Senhor.

    Na Capela D’Ascensão fazem os moçalmans grande devoção à pedra onde está uma pegada do Redentor do mundo quando Ele teve por bem tornar aos Céus. A outra metade desta pedra, também com outra pegada de Jesus, está no Templo de Salamão, ali posta quando a terra era de cristãos, sendo agora tida em grande veneração por Turcos, e mouros”.

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Capítulo XXV

O grande interesse do Tutam de Cantão pelo âmbar

Chegando nós à ilha Tamon, digo aos 14 de Agosto de 1538, esperámos pela necessária autorização do Pio da villa de Nantó, e depois do que nos cumpria aqui seguimos para a dita cidade Cantam, cousa de 18 léguas pelo rio acima, onde por minha conta fiz a comutação de pimenta, âmbar, e outras miudezas, por ricas sedas, ouro, e grande cópia de arroz.

A desembarcação de âmbar causou grande alvoroço no Tutam, que teceu muitas palavras de contentamento com a minha vinda. Assim como prometera ao feitor Jao, que duas semanas antes tinha descarregado um grande carregamento desta mercadoria, também eu teria bom agasalho, tornando a fazer as minhas mercadorias neste porto, onde ia encontrar muy ricas fazendas, com as quais depois de fazer o meu emprego, teria tanto proveito, que fariam de mim o mais abastado da terra donde era natural.

Estranhei o seu grande interesse pelo âmbar; porque valia mais para ele, do que ouro, ou diamantes. Dei o melhor para tirar algumas inquirições sobre este assunto; mas pouco consegui apurar, por se resguardar o Tutam numas lendas de remotas eras, com dragões a carpir lágrimas, que se transformavam em âmbar, e como os Chins são muy idólatras destas serpentes de extraordinária grandeza, reverenciam muito esta mercadoria.

Perdido que estava nos meus pensamentos, dei por mim com os olhos postos numas serpentes tecidas a fios de ouro, que o Tutam, e seus assistentes, traziam nos peitos, e nas costas, e que por divisa são as armas d’el Rey”.

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

"𝐎 𝐎𝐫𝐢𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐌í𝐬𝐭𝐢𝐜𝐨 𝐝𝐞 𝐂𝐡𝐚𝐨 𝐁𝐚𝐥ó𝐬", 𝐏𝐞𝐝𝐫𝐨 𝐃𝐚𝐧𝐢𝐞𝐥 𝐝𝐞 𝐎𝐥𝐢𝐯𝐞𝐢𝐫𝐚, 𝐌𝐚𝐢𝐨 𝟐𝟎𝟐𝟐.

Leia a história de um português do século XVI que deixa o Reino de Portugal e se aventura no Oriente distante onde conhece Fernão Mendes Pinto, Luís Vaz de Camões e S. Francisco Xavier: https://www.amzn.com/B09Y6B8Y5Q

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

terça-feira, 13 de setembro de 2022

“O Oriente Místico de Chao Balós” – Personagens

 Damião de Góis, o amigo de infância

Damião de Góis surge no meu romance histórico logo na fase inicial da narrativa. Nasceu na vila de Alenquer, em 1502. É amigo de infância de João de Barros, o herói da trama, e cresceram praticamente juntos, até o futuro humanista ser levado para o Paço Real, no reinado de D. Manuel I.

João de Barros ainda se cruzou com ele uma última vez, agora em Lisboa, pouco antes de embarcar na nau que o levaria à Índia. Foi um encontro emotivo, com lágrimas derramadas, de parte a parte, antes do definitivo adeus.

Damião de Góis viria a ter uma brilhante carreira como diplomata ao serviço da Coroa, já depois de servir na feitoria portuguesa de Flandres.

Viajou por vários países europeus e conheceu vultos da época, tais como Martinho Lutero, Erasmo de Roterdão, Albrecht Dürer, Giovanni Battista Ramusio e Inácio de Loyola, entre outros.

De regresso a Portugal, escreveu as crónicas dos reinados de D. Manuel I e de D. João III.

Foi acusado de herege pela Inquisição e sujeito a um prolongado processo judicial. Acabou preso e foi depois libertado em Dezembro de 1572. Estava bastante doente.

Viria a falecer no mês seguinte, em circunstâncias misteriosas, na terra que o viu nascer. Tinha 71 anos de idade.

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Momento Quora

Qual livro que mais te tirou da sua zona de conforto?

Foi O Oriente Místico de Chao Balós. Sou o autor desta novela histórica que se desenrola no século XVI. 

Tirou-me da minha zona de conforto por várias razões:

  • Embora fosse jornalista, nunca antes tinha escrito um livro de época, ainda por cima com mais de quinhentas páginas.
  • Tinha pouco conhecimento dos factos históricos a que se reporta a história.
  • Desligar a minha mente de uma pessoa de finais do século XX, inícios do século XXI, e conseguir encaixar no perfil de alguém do século XVI.
  • Detectar erros históricos ou omissões grosseiras. Consegui, de certa forma, salvaguardar esta eventualidade.
  • Acostumar-me à escrita do século XVI e tentar simplificá-la um pouco para o contexto actual, sem perder aquele toque antigo.
  • Mudanças de rumo da história ou das personagens nunca foram fáceis para mim, tendo em conta que já estava habituado a vê-las de uma certa forma.
  • Algumas crises emocionais ou frustrações quando estava em becos sem saída, seja por não conseguir encontrar informação sobre determinadas situações, seja por não ser preciso nos modos de vida da época ou por não conseguir encontrar aquele livro que me ajudaria a andar com a narrativa para a frente. Ultrapassei tudo isto com o tempo. Hoje, esboço um sorriso sobre algumas situações...
  • Sentir que podia aprofundar / descrever com mais pormenor determinados acontecimentos ou algumas regiões da Ásia ou do Médio Oriente, optando por não o fazer por perceber que o livro ficaria bastante grande. Mais tarde, deram-me a ideia de escrever um ou outro "spin-off".
Veja o link no Quora: https://qr.ae/pvgvmE

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Momento Quora

Eu planejo escrever um livro que se passará no século XV ou XIV. Onde e como devo começar minha pesquisa?

Escrevi um romance histórico no século XVI. Foi um livro de grande fôlego, com muitas páginas.

No meu caso, fui fazendo “especialização” (o termo é meu), à medida que ia escrevendo capítulos. Explico melhor…

A história começa numa vila portuguesa. Então, estudei essa vila no século XVI e também as personagens iniciais.

Depois foi Lisboa, e seguiu-se a viagem de barco (nau) para a Índia.

A próxima fase de estudo foi a vida em Goa e na Índia, e por aí adiante.

Muitas vezes relia os capítulos já escritos e reescrevia / acrescentava / cortava. Outras vezes, iniciava um capítulo (deixava uma ideia) e depois com o tempo conseguia desenvolvê-lo, ou mudar de direcção, consoante o conhecimento que fui adquirindo.

A parte mais engraçada é que sempre soube como começava e acabava a história, mas o resto fui sempre construindo ou mudando.

À medida que vai avançando no livro, vai tendo mais conhecimento histórico e sensibilidade para escrever mais e melhor sobre a sua história.

Vai passar por momentos de muita alegria, mas também de frustração. Não desista! Espero que lhe tenha ajudado de alguma forma. Boa sorte :)

Veja o link no Quora: https://qr.ae/pvbfjy

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Momento Quora

"Por que o primeiro capítulo de um livro ou romance é o mais importante e difícil de escrever?" Veja a minha resposta à pergunta do Quora: https://qr.ae/pv5sqd

Tive essa experiência ao escrever o meu primeiro romance histórico, "O Oriente Místico de Chao Balós"

O início da narrativa é de primordial importância para atrair ou cativar o leitor. Se é apelativo, certamente cresce o desejo de continuar a leitura.

Diria que os primeiros dois/três capítulos da minha obra - num total de 43 - foram os mais difíceis de compor, com incontáveis revisões, cortes e acrescentos, no estilo de escrita coeva e na gramática. Hoje consigo perceber que a maior dificuldade sentida foi por as personagens e a trama estarem ainda numa fase bastante embrionária.

À medida que a escrita foi avançando, também o processo de amadurecimento e conhecimento histórico sobre vários temas versados no livro foi aumentando consideravelmente, sendo por isso imperativo fazer as devidas correções (sempre que justificáveis).

Tive muito menos dificuldades nos restantes capítulos. Alguns, mesmo, foram bastante fáceis de redigir, pois já tinha uma ideia definida sobre que rumo a dar à história; pela experiência adquirida no estilo de escrita; e pela visão mais clara sobre os acontecimentos da época.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

sábado, 30 de julho de 2022

Capítulo XIV

Do que sucedeu até Dom Vasco da Gama falecer em Cochim:

“Como a enfermidade avançava, e o espírito desfalecia de forças, quis Dom Vasco da Gama se passar para as casas de Diogo Pereira (perto do terreiro da igreja), e prover o necessário para que Lopo Vaz de Sampayo, capitão de Cochim, mandasse após a sua morte, o mesmo que mandava o Viso-Rey, até o sucessor receber a governação da India. Mandando fazer um assento, deu juramento a Lopo Vaz, ao Veador da Fazenda, digo Affonso Mexia, e ao secretário Vicente Pegado, assinando todos o auto. E fazendo a sua confissão tomou o Santo Sacramento, e fez o testamento, no qual mandava que os seus filhos, Dom Estêvão, e Dom Paulo, fossem nas naus para o Reyno, e cumprissem com o que deixava determinado sobre algumas cousas particulares. Para as mulheres que foram açoutadas em Goa mandou cem mil réis, cada uma, sendo isto feito em muito segredo, conforme a sua vontade.

Estando as cousas da sucessão assentes assim como as cousas de bom católico cristão, veio a hora de Dom Vasco da Gama se ajuntar ao Criador, digo às três horas depois da meia noite do dia vinte e cinco do ano de 1524 (paz à sua alma!), que era o da festa do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. A triste nova foi sentida com muy grandes choros, e prantos, assim que seus filhos, e criados, fizeram o sinal da sua morte, enchendo-se o terreiro da igreja com todo o povo da cidade”.


terça-feira, 26 de julho de 2022

Capítulo XII

Caça aos diamantes:

“Tomado por uma grandíssima alegria tratei logo de ir com todas as pressas à casa de morada de Ruffino do Salvador, no arrabalde da Porta da Cidade para o Mandovim, para saber se me iria conceder um empréstimo em dinheiro, que depois lhe pagaria com bons juros. Após ouvir o que tinha para lhe contar, abanou a sua cabeça, e torceu o nariz com os dedos, por não estar certo do nosso sucesso, e por muito temer a perda dos seus cabedais assim de maneira tão arriscadíssima.

Falando-lhe do Português, que nos iria acompanhar nesta empresa, logo me perguntou se era pessoa de ricas fazendas? Ficando sabedor que não, bateu duas vezes a palma da mão na testa, e estranhou todo este caso, pois se o dito Português sabia como caçar diamantes; porque não se adiantaria ele à sua procura, em vez de ter que os repartir connosco? Como tive lembrança que as serpentes no vale profundo eram a dificuldade maior de todo este negócio, talvez lhe faltasse estofo, e coragem, que muito me sobejava. Ainda que Ruffino do Salvador não dissesse a razão; porque também não sabia como a explicar, me deu por seu conselho para que não largasse, por nenhum motivo, a espingarda das mãos, no tempo que andássemos enfiados no sertão”.

domingo, 24 de julho de 2022

Leitura do Dia

"Os Portugueses e o Sião no Século XVI", de Maria da Conceição Flores.


"RELIGIÃO E COSTUMES

Nos relatos portugueses podemos encontrar igualmente bastantes informações acerca dos costumes e da religião praticada pelos Siameses, pormenores que interessavam bastante a um Portugal e a uma Europa desejosos de conhecer notícias exóticas sobre os novos e velhos mundos recém-descobertos.

De uma maneira geral, os Siameses são considerados como homens honrados, que se expressavam com modéstia. Andavam nus da cintura para cima e cobriam a parte inferior do corpo com panos de algodão, ou então vestiam umas roupas de seda. Usavam geralmente a cabeça rapada, deixando apenas umas guedelhas de cabelo sobre a face".

Página 131.


sexta-feira, 22 de julho de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XI

Chegada a Goa:

“Na manhã seguinte vimos muitas toninhas, várias borboletas, e algumas cobras, sem avistarmos terra firme. À tarde foi lançado o prumo ao mar, o qual tomou o fundo a 50 braças. Não tardámos a ver os Ilhéus Queimados, que são muitos; ainda que só dez deles se levantam a boa altura. E como neles nada cresce, pois são rochedos estéreis plantados no mar, e estão faltos de água, ficaram conhecidos por este nome de Ilhéus Queimados.

Andando mais dez léguas de caminho, surgimos na barra de Goa no primeiro dia do mês de Abril [de 1524], e sendo Diogo da Silveira visitado pelos mais importantes da cidade, lhe disseram que nos detivéssemos aqui alguns dias; porque era necessário assegurar que nenhuma maleita fosse levada para a cidade nem que a povoação sofresse de algum mal.

Passando este tempo entrou a capitânia pelo rio acima embandeirada com formosas bandeiras, e estandartes de seda. Após salvar a fortaleza com grande estrondo, chegou Diogo da Silveira ao cais, para aqui desembarcar ao som de muitos instrumentos. À sua espera estava o capitão de Goa, digo Francisco Pereira Pestana, assim como os vereadores, e oficiais da cidade, sendo recebido com grandes cortesias”.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Capítulo X

Cabo das Agulhas e Cabo das Correntes:

“A jornada continuava a tirar esta minha pessoa das muitas ignorâncias que tinha do mundo, ao ficar agora a saber pelo nosso piloto mor que o promontório do cabo das Agulhas ganhara este nome, por ser nesta paragem que as agulhas de marear feriam nos verdadeiros pollos do mundo; porque olhavam contra o Norte. Na manhã do outro dia fomos atingidos por um vento rijíssimo de causar muito enjoo, abrandavam um bocado as cargas de neve, que caíam no mar oceano fazia dois dias.

Abalados pelos contrastes que nos sobrevieram, fomos forçados a nos apartar, uns dos outros, andando cada nave da Armada pelo caminho que melhor lhe pareceu. E como o frio me apoquentava a carne, chegou a febre acesa neste tempo, pela qual razão fiquei recolhido no camarote, até chegarmos a Moçambique. Só Deus, Nosso Senhor, sabe os muitos trabalhos que a nau Salvador passou para governar ao longo da costa; porque as grandes correntes de águas muito rijas [que vinham do Cabo das Correntes] faziam a embarcação descair muito a Sudueste”.


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