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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Leitura do Dia

Às vezes, apetece-me ler o meu romance histórico no telemóvel / celular. Invariavelmente pela manhã. Hoje foi um desses dias…

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XXII

Viagem e assentamento de morada em Malaca

“No sétimo dia do mês de Maio de 1535, tendo o fato dentro de duas arcas dei ordens aos carregadores, e seis criados, para virem comigo ao cais aonde André de Barros já me esperava. Ainda que tivesse informado a minha muy estimada mulher a não vir ao cais nem com os nossos filhos, pois não queria que houvesse mil dores de coração, não consegui evitar uma grande tristeza em a deixar nesta cidade.

Depois de tudo feito, e de lhes dar folhas de betele, mandei os criados tornar às casas de morada de sua ama, minha mulher, o que todos fizeram com muitos prantos. Comigo ficou somente o boy, que acarretava um sombreiro de pé alto, e não estando mais precisado dele o despedi, e se foi contente com as folhas de betele, que lhe dei pouco antes de me ir a embarcar com André de Barros, na nau que nos levaria até à cidade de Malaca, a qual foi conquistada pelo muy afamado, e valente, Affonso D’Albuquerque.

A jornada apertou-me o coração de saudades pelos onze anos de minha vida em Goa. No meu pensamento desfilaram algumas lembranças da muy abastada rua direita, e dos meus bons amigos aqui moradores, a saber: Diogo Vaz, alfaiate, Bastiam Gonçalves, cavaleiro da criação d’el Rey, casado com Maria Vaz, criada que fora do muy grandioso Affonso D’Albuquerque, e João Rodrigues, boticário. Também não me saía dos miolos a rua de Figueiredo, onde eram moradores Ruy Gonçalves de Caminha, e Christovão de Figueiredo, o tanadar mor das terras firmes que lhe dera o nome (o mesmo que fora da privança d’el Rey Crisnarao), nem a rua da carreira dos cavalos, a caminho de Benestarim, onde se fazem muitos jogos, e folguedos, com cavalos”.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XX

Cativos no mar Arábico 

“Depois de levantarmos âncora deste formoso porto de Mascáte, velejávamos por nossa derrota no mar alto quando enxergámos a aproximação de duas naus pejadas de mouros, sem pormos diante dos olhos o cometimento que nos esperava.

Ao percebermos que as ditas embarcações nos vinham fazer guerra, empreendemos as maiores pressas para fugirmos do perigo em que já estávamos metidos; porém fomos logo assombrados com tiros de falcões, roqueiros, e berços, que nos romperam as velas. Três dos nossos morreram queimados, por causa das panelas de pólvora, que lançaram sobre nós, e ao sermos abalroados puseram 50 ou 60 mouros dentro da nau, ficando todos nós rendidos”.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XIX

Viagem à Arábia e Pérsia

“Aziscão, da privança do Xech Raxit, passava muitas vezes à cidade de Goa aonde fazia com muy grosso proveito o trato privado de aljofre, e pérolas da ilha Barem, que fica ali a cinco dias de navegação de Ormuz. Homem muito alto, e formoso, de tez alva, e bem apessoado, vestia os seus panos de seda apertados por uma rica cinta com adaga guarnecida a ouro, e prata.

Muito me alegrava fazer falas com a sua filha, por nome Caman, quando os parentes, e as criadas, não estavam por perto, e os dois mercadores se deleitavam à mesa por largo tempo com faustos banquetes, recolhendo-se depois para tocar, e ouvir boa música, com os instrumentos próprios da terra. O meu coração palpitava, como que a querer sair fora do peito, quando trocávamos olhares, ou cochichávamos fora das vistas do seu pai, e todos os seus outros parentes”.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XVI

Prisioneiros de um rei da costa do Malabar:

“A nós nos serviu por língua um nativo, que fora piloto num junco da costa do Malayo, evitando-se assim maior dano para os nossos. A ele lhe contei miudamente o triste caso que nos fez chegar à praia desta costa, assim os muitos trabalhos, como a grande fome de todos nós; porque o que agora mais desejávamos era estarmos providos de agasalho, termos o que comer, e arranjar maneira de tornarmos a Goa. Com isso não éramos espiões, que vinham aqui colher informações para depois avisarmos os nossos; os quais aqui vindo, e apanhando esta villa desprevenida de defesas, a destruíam de todo, a ferro e fogo, como sucedera com outras povoações da costa do Malabar, que não obedeciam à Lei d’el Rey de Portugal.

Sentindo ele muito a nossa infelicidade logo lhe pedi muito que dissesse, ao Rey da sua gente, para nos conceder uma audiência; porém não soube como atender ao meu pedido; porque Sua Alteza estava enferma, e não lhe restava muito mais tempo de vida. A el Rey lhe fora dito, por um sacerdote da sua gentílica seita, que não lhe era permitido se valer das curas que correm no Malabar; porque assim lhe revelara o ídolo de um pagode da sua idolatria, sob pena de um terrível castigo pôr em risco a sua pessoa, e seu Estado.

Fazendo muito caso desta feitiçaria do seu sacerdote, e assaz desesperado pelo que lhe entrara nos ouvidos, sentenciara el Rey a morte de todos nós para daí a dois dias; porque recebendo o seu ídolo os sacrifícios, teria ele a vida poupada, conforme lhe dissera aquele ministro da sua corrupta idolatria. Tivemos muy grande medo do que nos esperava, e após termos esta triste nova confirmada deixou o língua de vir até nós, e nem comida nos trouxe”.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XV

Da ida a Bisnaga, capital do Reino de Narsinga:

Vai este Reyno de Narsinga, que por outro nome se chama terra do Canará, desde os muitos lugares que há nele na costa da India, digo Amcola, Mirgeo, Honor, Baticala, Mangalor, Bracalor, Bacanor (onde el Rey de Portugal tem as suas feitorias), e outras mais povoações da banda do Oeste, até ir ter a Balagate, e ao Charamandel, da banda do Leste, e ao Reyno de Orixá, ou Orya, que parte com Bengala, e ao Reyno Daquem, da banda do Norte.

Para bom governo do Reyno tem el Rey Crisnarao os seus oficiais, digo o regedor, a segunda pessoa que há nele, e o tesoureiro (com os seus escrivães da fazenda), o tesoureiro mor, o porteiro mor, o tesoureiro da pedraria, o estribeiro mor, e o que mais há somente tem capitães, todos gentios, por quem reparte o seu Reyno, por quanto não tem outros oficiais. Assim me disse um honrado mercador da terra que el Rey já tinha determinado que o seu filho de seis anos o havia de suceder em vida; porque desejava descansar na velhice, depois de alcançar muitos, e grandes sucessos nas guerras, como fora na tomada de Rachol ao Hidalcão, num grande feito de Christovão de Figueiredo, casado de Goa, que fazia o trato de cavalos para Bisnaga, e à sua gente, vinte Portugueses espingardeiros”.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

quarta-feira, 22 de junho de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. V

Pareceres dos pilotos sobre a derrota da Armada:

"Ao décimo dia de viagem escutei dois tiros da capitânia, por ser necessário que chegassem até nós os pilotos da Armada, e saber que parecer tinham de quantas léguas íamos afastados do rio Grande, e quanto tempo iam as velas esperar na ilha a que chamamos Moçambique. Concordaram todos com o piloto mor que a derrota tinha de ser feita por dentro, chegando nós ao cabo de Boa Esperança, até aos 25 do mês de Julho, e que a partida da fortaleza de Moçambique (para passarmos à India) acontecia dos 10 aos 15 dias do mês de Agosto, seguindo a derrota da ilha do Combaro. E se a Armada dobrasse tarde o cabo de Boa Esperança? Seria a governação feita por fora da ilha de São Lourenço?

Os pilotos da Santo Espírito, e da São Leão, mostraram oposição; porque as suas naus levavam muita gente, e havia pouca água doce disponível para tão larga viagem. Para eles era mais certo invernar em Moçambique, do que passar pelo perigo de morrermos todos à sede. Para o piloto da Loba era aconselhável fazer a derrota por fora, mesmo com o risco de perdermos vidas, que não chegariam a uma sexta parte, se a Armada fosse invernar em Moçambique, onde as doenças iam consumir muitas mais almas, cada dia que gastássemos em terra. Por derradeiro, assentando com o capitão mor que a derrota se faria por dentro, assinaram todos a causa, e tornaram de batel às suas naus”.

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