quarta-feira, 22 de junho de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. V

Pareceres dos pilotos sobre a derrota da Armada:

"Ao décimo dia de viagem escutei dois tiros da capitânia, por ser necessário que chegassem até nós os pilotos da Armada, e saber que parecer tinham de quantas léguas íamos afastados do rio Grande, e quanto tempo iam as velas esperar na ilha a que chamamos Moçambique. Concordaram todos com o piloto mor que a derrota tinha de ser feita por dentro, chegando nós ao cabo de Boa Esperança, até aos 25 do mês de Julho, e que a partida da fortaleza de Moçambique (para passarmos à India) acontecia dos 10 aos 15 dias do mês de Agosto, seguindo a derrota da ilha do Combaro. E se a Armada dobrasse tarde o cabo de Boa Esperança? Seria a governação feita por fora da ilha de São Lourenço?

Os pilotos da Santo Espírito, e da São Leão, mostraram oposição; porque as suas naus levavam muita gente, e havia pouca água doce disponível para tão larga viagem. Para eles era mais certo invernar em Moçambique, do que passar pelo perigo de morrermos todos à sede. Para o piloto da Loba era aconselhável fazer a derrota por fora, mesmo com o risco de perdermos vidas, que não chegariam a uma sexta parte, se a Armada fosse invernar em Moçambique, onde as doenças iam consumir muitas mais almas, cada dia que gastássemos em terra. Por derradeiro, assentando com o capitão mor que a derrota se faria por dentro, assinaram todos a causa, e tornaram de batel às suas naus”.

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