sexta-feira, 11 de novembro de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XXIX

O fascínio por uma mulher siamesa

"No topo das escadas desta grande morada, feita de rijas madeiras, assentes em grossas estacas, apareceram três mulheres roupadas com ricas sedas, que nada concordavam com o traje roto, e esfarrapado, de quem carregava eu nos meus braços. Tive para mim um grande fascínio pela elegante pose da moça donzela que se pôs adiante de todas as outras. O seu porte delgado, e baixa altura, fazia boa figura com os cabelos castanhos, curtos, e puxados para trás. Entrou logo em cuidados, ao dar conta do estado lastimoso em que se achava a mulher amparada nos meus braços, a qual deitei no chão com muito cuidado.

Os prantos de angústia, e gritos de aflição, que as outras mulheres bradaram neste meio tempo, puseram em sobressalto dois homens, que não sabendo o que se passava acudiram muito depressa a saber o que era. O mais velho, homem honrado de grossa fazenda, segundo o traje de sua pessoa, seria de cinquenta e poucos anos, e o outro (quiçá seu filho) sem embargo de se achar bem roupado, vinha até nós com passos pouco firmes, semelhantes às cambetas dos bêbados. Com isto se apressou o dito sacerdote a lhes dar miúda notícia do infeliz acontecimento.

Entregando a mulher ferida ao cuidado desta honrada gente, pousei em suas mãos um remédio, que muito ajudaria a sarar as feridas, que lhe toldavam o rosto. E estando prestes a fazer o meu caminho, quis uma voz suave me deter neste meu intento. Estremeci quando Belchior Barbosa, por saber a língua da terra, me disse que aquela moça donzela (de admirável formosura) estava muito agradecida, por pormos em salvo uma criada do serviço de sua família".

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