terça-feira, 26 de julho de 2022

Capítulo XII

Caça aos diamantes:

“Tomado por uma grandíssima alegria tratei logo de ir com todas as pressas à casa de morada de Ruffino do Salvador, no arrabalde da Porta da Cidade para o Mandovim, para saber se me iria conceder um empréstimo em dinheiro, que depois lhe pagaria com bons juros. Após ouvir o que tinha para lhe contar, abanou a sua cabeça, e torceu o nariz com os dedos, por não estar certo do nosso sucesso, e por muito temer a perda dos seus cabedais assim de maneira tão arriscadíssima.

Falando-lhe do Português, que nos iria acompanhar nesta empresa, logo me perguntou se era pessoa de ricas fazendas? Ficando sabedor que não, bateu duas vezes a palma da mão na testa, e estranhou todo este caso, pois se o dito Português sabia como caçar diamantes; porque não se adiantaria ele à sua procura, em vez de ter que os repartir connosco? Como tive lembrança que as serpentes no vale profundo eram a dificuldade maior de todo este negócio, talvez lhe faltasse estofo, e coragem, que muito me sobejava. Ainda que Ruffino do Salvador não dissesse a razão; porque também não sabia como a explicar, me deu por seu conselho para que não largasse, por nenhum motivo, a espingarda das mãos, no tempo que andássemos enfiados no sertão”.

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