Caça aos diamantes:
“Tomado por uma grandíssima alegria tratei
logo de ir com todas as pressas à casa de morada de Ruffino do Salvador, no
arrabalde da Porta da Cidade para o Mandovim, para saber se me iria conceder um
empréstimo em dinheiro, que depois lhe pagaria com bons juros. Após ouvir o que
tinha para lhe contar, abanou a sua cabeça, e torceu o nariz com os dedos, por
não estar certo do nosso sucesso, e por muito temer a perda dos seus cabedais
assim de maneira tão arriscadíssima.
Falando-lhe do Português, que nos iria
acompanhar nesta empresa, logo me perguntou se era pessoa de ricas fazendas?
Ficando sabedor que não, bateu duas vezes a palma da mão na testa, e estranhou
todo este caso, pois se o dito Português sabia como caçar diamantes; porque não
se adiantaria ele à sua procura, em vez de ter que os repartir connosco? Como
tive lembrança que as serpentes no vale profundo eram a dificuldade maior de
todo este negócio, talvez lhe faltasse estofo, e coragem, que muito me
sobejava. Ainda que Ruffino do Salvador não dissesse a razão; porque também não
sabia como a explicar, me deu por seu conselho para que não largasse, por
nenhum motivo, a espingarda das mãos, no tempo que andássemos enfiados no
sertão”.
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