quarta-feira, 24 de agosto de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XXI

Ardil para tentar convencer o governador Nuno da Cunha a atacar Mascate

“Como havia que magicar alguma cousa para acabar com esta ameaça me fui com todas as pressas à fortaleza pedir uma audiência ao Governador Nuno da Cunha. E como era necessário ao meu propósito lhe persuadir a cometer os traidores de Mascáte, usei o artifício, que todos eles nada mais tinham como tenção, do que acabar com a sua vida nesta cidade de Goa; porque escutando por ocaso uma conversa na villa de Mascáte, pusera a descoberto três homens da terra de grossas fazendas.

Estavam eles muy desagradados com o tratamento que os Portugueses davam aos barcos Arabios, os quais muitas vezes eram roubados, e faziam deles suas presas, ou os metiam no fundo do mar. Ouvi injuriosas palavras, e terríveis ameaças, que todos juraram fazer a Nuno da Cunha, por causa das suplicias que os nossos infligiam aos embarcados; porque se uns não escapavam da morte, outros tinham a má fortuna de ficar cativos, ou ser vendidos como escravos. Para eles havia que acabar com todas estas maldades, em razão dos Portugueses corromperem a boa convivência dos que seguiam a Lei de Mafamede, pondo uns contra os outros; porque se muitos eram seus inimigos, havia também mouros seus aliados”.

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