sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XXXV

A visitação a um templo de Ayutthaya

"Enfadado com esta vista fui espreitar o que mais havia neste templo, e para grande espanto achei uma estátua gigante feita de ouro, que era impossível de acreditar, se não a tivesse visto com os meus olhos. Tem a dita estátua de alto o suficiente para que quatro, ou cinco homens, se ponham cada um acima do outro. Os pés estão dobrados ao modo dos ídolos que se acham neste Reyno, e noutras paragens do Oriente, pela qual razão os sacerdotes, e fiéis, imitam este modo quando fazem as suas orações.

São os olhos desta estátua muy grandes, e magnificamente fabricados, assim como a cabeça, os braços, os dedos, e a barriga. No alto dela, e nos seus ombros largos, pousam de contínuo alguns pombos; posto que uns estão quietos, e outros levantam voo, em troca dos que se ajuntam aos que já lá estão.

É esta casa a modo de câmara guardada por um sacerdote muy cioso dos seus deveres, e que a muy grande custo me deixou entrar para ver este ídolo, a que os da terra chamam o Grande Deus Suta. Os seguidores desta idolatria fazem as suas reverências defronte desta estátua, e outras de menos importância, levantando as suas mãos juntas, e baixando as cabeças um pouco adiante, a modo de respeito.

Tornando ao lugar onde o dito sacerdote fazia o seu ministério, e que de nada valia; porque não livrava tão pobres criaturas de espírito do engano em que já estavam metidas, calhou em sorte que não demorasse muito até findar a sua arenga, e indo cada um por onde lhe pareceu melhor, fizeram muitas mulheres a reverência a seus ídolos, que são feitos de todas as sortes de estátuas; porque são umas obradas de ouro, outras de bronze, e outras de madeira, como os Siames costumam ter nos seus pagodes”.

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