A grande fuga do Reino do Sião
"Reunindo os navegantes no junco, levantámos ferro no surgidouro, ao qual esperava tornar num pouco espaço de tempo. E quando descíamos o rio Menão, já para lá da tabanca, apareceram nas nossas costas dois juncos pejados de Siames, e outro de Chins, que nos vinham fazer busca.Lançando em nós muitas frechas ateadas com fogo,
atingiram algumas delas o costado da nossa embarcação. Prouve a Nosso Senhor
que os fortes salpicos da corrente do rio apagassem este perigo, que por obra
de todos aqueles cães ameaçava acabar com as nossas vidas. Não estando nós livres desta grande aflição em que
já nos achávamos, com todas as pressas fomos buscar as espingardas escondidas
no porão, e atirando nos cães que muita vontade tinham em nos tomar as vidas,
ficámos muito contentes, por duas léguas abaixo cessarem tão perigosa perseguição.
Entra agora um caso assaz espantoso, do qual
não faço a escritura de tudo o que aconteceu para não parecer uma grande fábula. O que desde já digo que não é; mas como o sucedido
foge ao entendimento do comum mortal, estou em crer que seja necessário não me
alongar muito no que os meus olhos viram no espaço de tão feroz perseguição (…)”.
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