quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XXXVIII

Do que passei com o governador Garcia de Sá

    "Estando já muy bem ataviado à nossa guisa me fui a falar com o Senhor Governador Garcia de Sá. Passando a porta para dentro da fortaleza subi as escadas que iam dar à formosa sala em que já se achava o Governador, o Vedor da Fazenda, o ouvidor geral, o meirinho, e outros oficiais d’el Rey. Anunciados os nossos nomes por um pajem, entrei com André de Barros, e o Senhor Padre, e dando nós alguns passos em frente, fizemos as nossas cortesias ao Senhor Governador, o qual disse aquilo que entrou nas orelhas de todos os que estavam na sala:

    – Ponho finalmente o rosto no maior, e mais desavergonhado ladrão de que há memória. Vós, que fostes ao Achém, em nome d’el Rey Dom João, o Terceiro, como assim fizestes crer ao Rey deles, e de lá largastes com grandes riquezas, por o tirano cair na vossa grande ladroíce, o qual muito se conta nas partes da India; mas todos crêem ser uma grande fábula, e por isso os nossos historiadores nunca lhe deram crédito; sabeis que é meu mandamento vos cortar a cabeça?”

(*) Retrato do governador Garcia de Sá.

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