sexta-feira, 17 de março de 2023

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XLII

Do cerco que o Bramá fez a Odiaa (Ayutthaya)

"Assentando o Bramá arraial com seus exércitos em seu redor num campo grande, e espaçoso, meia légua acima da cidade de Odiaa, começou a bater os seus muros por muitas partes, e ficando a defensão do baluarte onde o rio era mais estreito, e menos fundo, nas mãos dos Portugueses do bandel que el Rey do Sião mandara recolher dentro, o teve Diogo Pereira por seguro dos Pegùs, e Bramás.

Num destes dias el Rey Prechau Çale ajaezou um formoso alifante, e saindo fora em procissão com o seu exército, passou o rio para a outra banda, e foi ao encontro do Bramá. Na dianteira iam os alifantes de peleja, e logo atrás cinquenta mil homens de pé, com suas armas de guerra, em que entrava grande soma de espingardeiros. Fazendo tão formoso exército a sua marcha com tangeres de instrumentos, e cantares a seu modo, foi nele o Príncipe Ramane, e o Príncipe Malino, seus filhos, montados nos seus alifantes ricamente ajaezados com peças de ouro, e outras cousas de muito preço, e sombreiro de pé de sua própria insígnia, como é costume entre eles.

Achando-se os dois exércitos muy bem ordenados num campo largo, e espaçoso, foi feito o sinal, de um lado, e do outro, por um búzio grande, e em se arremetendo uns aos outros com muitas gritas, e vozes, que parecia que se fundia a terra, puseram em obra esta fera batalha campal, a qual não faço aqui a sua escritura pelas muitas crueldades que dela ouvi”.

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