terça-feira, 4 de julho de 2023

O grande desafio de escrever à moda antiga

"Ao outro dia logo pela manhã caminhei, por meu pé, ao longo da borda do rio, sem saber aonde me levaria esta minha jornada. Assaz de cansado, e falto de forças para aguentar este sofrimento, assim do calor como dos mosquitos, e atabões, que de contínuo me atazanavam a carne, dei ao longe com um pequeno barco de pescadores, aos quais logo acenei, e roguei na língua deles para me valerem; porque já não tinha mais esperança de me pôr em salvo deste infortúnio".

O Oriente Místico de Chao Balós, Cap. XXIX

Não foi nada fácil ter prática suficiente para escrever um romance histórico de grande fôlego com a escrita do século XVI, mas quis, mesmo assim, levar por diante esta árdua tarefa de o conseguir.

Em meados de 2013, quando li, pela primeira vez, alguns capítulos da "Peregrinação", de Fernão Mendes Pinto, das "Décadas da Ásia", de João de Barros e de Diogo de Couto, e das "Lendas da Índia", de Gaspar Correia, senti enormes dificuldades para articular o pensamento com o que ia lendo. Nada que esmorecesse o meu ânimo...

Passados dez anos, leio com desenvoltura as mesmas crónicas coevas, as mesmas narrativas e os mesmos autores. A linguagem por vezes atabalhoada, aliada à formosura de certas palavras, desperta-me os sentidos para aqueles tempos áureos do heroísmo português na centúria de Quinhentos. A escrita, obviamente, reflecte-se grandemente...

Sinto-me bastante feliz por ter alcançado este feito!

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