sexta-feira, 2 de setembro de 2022

O Oriente Místico de Chao Balós, Cap. XXIII

Trato no porto de Pacém na ilha de Samatra:

Estando eu defronte da casa de nossa Senhora do Outeiro, veio a par de mim o pajem de Dom Estêvão da Gama, com recado para aparelhar o junco com todas as pressas; porque tinha de ir a Pacem, na ilha Çamatra, carregar muy boa pimenta, e outras especiarias, que muito ganho me trariam. Antes de tudo havia que ir à fortaleza, pois era lá que o capitão da cidade me falaria miudamente da empresa que me tencionava encomendar.

Assaz confuso com este recado, me fui com muita pressa a ver de Dom Estêvão da Gama, o qual me recebeu com mostras de muita amizade, e grande alegria. A par dele estava um abastado mercador de Malaca, acompanhado de seu feitor, um Jao de nação. Dom Estêvão da Gama lhes disse ser eu homem de muy grande fama, e como era muito solto a navegar por esses mares afora, escapara sempre da Armada do Turco, e das embarcações de outras nações com as quais el Rey, nosso senhor, tinha guerra.

Pasmado com tais palavras, tolheu-me o pensamento, por não entender o seu propósito. Com a sua voz grave logo me cortou as ideias, dizendo que havia um negócio que me traria grandes ganhos, se fosse a Paceem, e me deixasse lá estar muito devagar para miudamente saber cousas do Reyno do Achem, e achar informação sobre a ilha do ouro, por toda a gente natural, ou forasteira, que alguma cousa disso tivesse conhecimento”.

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