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sexta-feira, 7 de outubro de 2022

“O Oriente Místico de Chao Balós”, Cap. XXVII

A falsa embaixada ao Reino do Achém:

"Chegados até nós os alifantes do Soltão, e entregues as cartas falsificadas a um eunuco, foram as mesmas postas num prato de prata coberto com rica seda, e levadas sobre as costas do alifante mais largo. Subindo eu nas costas de outro alifante, fui nele até aos paços do Soltão Alaradim, e parando cousa de cinquenta braças de um espaço aberto onde ele já estava assentado, desci do alifante para fazer a minha obediência, dobrando o corpo, e balançando as mãos juntas por altura da cabeça. Entrando descalço, fiz outra obediência. 

Feito isto me fizeram assentar numa alcatifa, quatro ou cinco passos afastado dele, e me deram o betele, o qual em fazendo o primeiro mastigão senti logo a quentura do seu sumo. E como entre esta gente não havia quem falasse a língua Portuguesa, nem ninguém capaz de verter as ditas cartas na língua do seu entendimento, continuei com a minha dissimulação, que nada entendia da língua Malaya, e mandei André de Barros ouvir com muita atenção tudo o que eu botasse da boca para fora; porque seria ele a assegurar a conveniência do nosso propósito".

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Capítulo XXIV

Vida em risco numa aldeia da ilha de Samatra:

“No outro dia fomos à aldea prover o necessário para a carregação da pimenta, e depois de tudo feito, dei ordem aos que comigo vinham para esperarem à beira do batel, pois queria privar um pouco mais com o Reyzinho; mas como no espaço de uma hora completa ele foi cometido com muitas dores nas entranhas, logo se recolheu para dentro de sua casa, e me mandou agasalhar numa outra casa de um honrado mercador da sua aldea. Chegava o tempo de pôr os olhos numa formosa moça, que muito me atraía, desde a minha primeira vinda no ano passado…

Na manhã do outro dia cheguei à praia em grande alvoroço. Corria com todas as pressas, já que em minha perseguição tinha quase todos os homens da aldea, e como para muita confusão minha o batel estava em seco, com tamanha aflição dei uma grita para os mandriões (que ao longe havia vista) se apressarem a pôr ombros ao batel, e o lançar à água. Havia que fugir deste lugar abominável, o quanto antes, para evitar que a morte se aproximasse a passos vistos de todos nós.

Tanto as gritas, como as lanças, e frechas, que saíam das mãos dos que vinham nas minhas costas, puseram em sobressalto os que estavam de guarda ao batel. Dei outra grita para o bombardeiro tirar nos malvados, que nada mais queriam, do que pôr termo à vida deste honrado capitão. Se não mostrássemos valentia, passaríamos todos por grandes tormentas, com o irremediável dano de não termos como nos encomendar a Deus”.

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

O Oriente Místico de Chao Balós, Cap. XXIII

Trato no porto de Pacém na ilha de Samatra:

Estando eu defronte da casa de nossa Senhora do Outeiro, veio a par de mim o pajem de Dom Estêvão da Gama, com recado para aparelhar o junco com todas as pressas; porque tinha de ir a Pacem, na ilha Çamatra, carregar muy boa pimenta, e outras especiarias, que muito ganho me trariam. Antes de tudo havia que ir à fortaleza, pois era lá que o capitão da cidade me falaria miudamente da empresa que me tencionava encomendar.

Assaz confuso com este recado, me fui com muita pressa a ver de Dom Estêvão da Gama, o qual me recebeu com mostras de muita amizade, e grande alegria. A par dele estava um abastado mercador de Malaca, acompanhado de seu feitor, um Jao de nação. Dom Estêvão da Gama lhes disse ser eu homem de muy grande fama, e como era muito solto a navegar por esses mares afora, escapara sempre da Armada do Turco, e das embarcações de outras nações com as quais el Rey, nosso senhor, tinha guerra.

Pasmado com tais palavras, tolheu-me o pensamento, por não entender o seu propósito. Com a sua voz grave logo me cortou as ideias, dizendo que havia um negócio que me traria grandes ganhos, se fosse a Paceem, e me deixasse lá estar muito devagar para miudamente saber cousas do Reyno do Achem, e achar informação sobre a ilha do ouro, por toda a gente natural, ou forasteira, que alguma cousa disso tivesse conhecimento”.

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