quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Capítulo XXIV

Vida em risco numa aldeia da ilha de Samatra:

“No outro dia fomos à aldea prover o necessário para a carregação da pimenta, e depois de tudo feito, dei ordem aos que comigo vinham para esperarem à beira do batel, pois queria privar um pouco mais com o Reyzinho; mas como no espaço de uma hora completa ele foi cometido com muitas dores nas entranhas, logo se recolheu para dentro de sua casa, e me mandou agasalhar numa outra casa de um honrado mercador da sua aldea. Chegava o tempo de pôr os olhos numa formosa moça, que muito me atraía, desde a minha primeira vinda no ano passado…

Na manhã do outro dia cheguei à praia em grande alvoroço. Corria com todas as pressas, já que em minha perseguição tinha quase todos os homens da aldea, e como para muita confusão minha o batel estava em seco, com tamanha aflição dei uma grita para os mandriões (que ao longe havia vista) se apressarem a pôr ombros ao batel, e o lançar à água. Havia que fugir deste lugar abominável, o quanto antes, para evitar que a morte se aproximasse a passos vistos de todos nós.

Tanto as gritas, como as lanças, e frechas, que saíam das mãos dos que vinham nas minhas costas, puseram em sobressalto os que estavam de guarda ao batel. Dei outra grita para o bombardeiro tirar nos malvados, que nada mais queriam, do que pôr termo à vida deste honrado capitão. Se não mostrássemos valentia, passaríamos todos por grandes tormentas, com o irremediável dano de não termos como nos encomendar a Deus”.

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