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sexta-feira, 10 de março de 2023

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XL

Do que o Padre Mestre Francisco fez no Japão

"Outra vez, ao desferrar de Malaca passante um dia da festa de São João do ano de 1549, embarcado num junco de um Chin, a que chamavam Necodà ladrão, chegou a quinze de Agosto, dia de Assumpção de nossa Senhora, ao porto de Canguexumà no Japaõ. E quase um ano em que o bemaventurado Padre Francisco aqui esteve lhe fez o Rey da terra muito gasalhado, e honra, ficando os bonzos, que são os sacerdotes, muito corridos com este tratamento; porque pregava ele a doutrina de Cristo, tão contraria à lei que tinham como sua.

Foi o Padre Francisco, e quem ia com ele, à cidade de Firando, Metrópole do Reyno com o mesmo nome, e a outras, onde converteu passante de três mil gentios à santa fé de Cristo. Fez ele esta jornada ao Japaõ com o Padre Cosme de Torres, Castelhano de nação, e o Irmão João Fernandez, também Castelhano.

Neste tempo tiveram os três umas disputas com os bonzos sobre o Criador, a imortalidade natural das almas, a ressurreição, as almas dos justos, o inferno dos maus, a malícia dos demónios, e outras cousas de peso desta substância. Nesta viagem também foi o Angero, Japaõ de nação, e língua do Padre Francisco, que o fizera cristão em Goa, tomando ele o nome Paulo de santa Fé, o qual em poucos meses soube ler, e escrever, o Português, sendo muito fiel em tudo o que cumpriu ao serviço de Deus”.

Embaixada de S. Francisco Xavier à corte do rei do Bungo. Bento Coelho (c. 1670 – 1675). Museu Carlos Machado, Ponta Delgada.

quinta-feira, 2 de março de 2023

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. XXXIX

A profecia do Padre Mestre Francisco

"Muito trabalhou o bemaventurado Padre Francisco para amansar o ódio, e a inveja, de Dom Alvaro, ao lhe dar as suas razões de tão grande serviço que faria a Nosso Senhor, se o deixasse desferrar de Malaca na nau de Diogo Pereira. Na embarcação que foi pôs todavia Dom Alvaro os homens da sua parcialidade (como atrás já fica dito), os quais estando muito cobiçosos para fazer o seu ganho não fizeram esta viagem com o propósito primeiro que tinha o Padre Mestre Francisco, que era abrir o caminho para os Padres e Irmãos da Companhia de Jesus se irem a fazer o verdadeiro sacrifício das suas almas no Reyno da China.

A Dom Alvaro lhe deixou avisos da sua má fortuna, o que foi dito na praia ao Vigário João Soarez, e a outros dois que com ele se achavam na madrugada em que partiu do porto de Malaca para as partes da China. Com os joelhos no chão fez uma oração pela salvação do dito fidalgo, e depois que a acabou, se levantou, e descalçou as botas, as quais sacudiu, e derramou muitas mais lágrimas do que as que já tinham caído dos seus olhos.

A sua profecia foi como disse; porque depois que se partiu foi Dom Alvaro cometido de uma feia lepra, e o Viso-Rey o mandou tirar da capitania, por não lhe obedecer às suas provisões, e por cousas danosas que fizera. E sendo toda a sua fazenda confiscada, foi preso para o Reyno, a modo de ser julgado por suas culpas”.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós" - Personagens

𝐒ã𝐨 𝐅𝐫𝐚𝐧𝐜𝐢𝐬𝐜𝐨 𝐗𝐚𝐯𝐢𝐞𝐫, 𝐨 𝐛𝐞𝐦-𝐚𝐯𝐞𝐧𝐭𝐮𝐫𝐚𝐝𝐨 𝐩𝐚𝐝𝐫𝐞 𝐝𝐚 𝐂𝐨𝐦𝐩𝐚𝐧𝐡𝐢𝐚 𝐝𝐞 𝐉𝐞𝐬𝐮𝐬

“A chegada do Padre Mestre Francisco a Sancham foi muito saudada pelos Portugueses que aqui se achavam, a maior cópia deles alojados em terra (ora nas choupanas de tábuas, ora nas palhotas de rama), e outros nas muitas naus da veniaga que estavam surtas neste porto. A primeira cousa que fez pondo os pés em terra foi lhes pedir a fábrica de uma igreja, para nela se entregar em sacrifício a Deus, Nosso Senhor, e a eles fazer os sacramentos em quanto tivesse saúde. Ninguém fugiu a esta obra, e em dois dias se alevantou a dita igreja, com paredes de tábuas, e tecto de rama, no outeiro que olha para a praia do dito porto" – Capítulo XXXIX.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Relíquias de São Francisco de Xavier na Igreja de S. José em Macau

As últimas semanas de vida, e morte, do Padre Mestre Francisco de Xavier na ilha de Sanchoão, na China, foram testemunhadas por João de Barros, ou Chao Balós, que disso deixou testemunho na sua memorável obra. Também a transladação do corpo para Malaca, e daí para Goa, assim como as cerimónias fúnebres no Dia de São Lázaro, na então capital do império ultramarino português, não ficaram esquecidas pelo aventureiro português. Chao Balós viria a residir em Macau, onde encontrou Pero Velho e Diogo Pereira, ambos amigos bastante próximos do afortunado Padre, depois tornado Santo. As relíquias de S. Francisco Xavier (um osso do úmero do braço direito no interior de um relicário de prata) chegaram a estar expostas para o culto religioso na capela com o seu nome, na ilha de Coloane (Macau). Actualmente, encontram-se na igreja de S. José, na Península de Macau.

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