segunda-feira, 6 de junho de 2022

"O Oriente Místico de Chao Balós", Cap. I

 Origem do nome da vila de Alenquer:

"Nas costas da villa, pela metade do outeiro por esta banda fica a Igreja de Santiago, fundada por el Rey Dom Affonso Henriquez, em memória da ajuda, e socorro, que teve de tão glorioso Santo Apóstolo, defronte da porta aonde as suas gentes (valentes, e esforçados cristãos) deram com tanto ímpeto nos mouros, que os desbarataram, e lhes tomaram o Castelo.

Foi este feito muito celebrado; porque el Rey gastara dois meses no cerco, e como não havia maneira de tomar a fortaleza aos mouros, pois a tudo resistiam, pediu um sinal a Deus para lhe dizer quando chegaria o momento de fazer o assalto. Na manhã do dia de São João surgiu no arraial, diante d’el Rey, um cão pardo, alam de raça, que sempre vigiava a villa. Fazendo-lhe Dom Affonso Henriquez muitas festas com suas mãos, nada ladrou o dito cão, e se foi lentamente para a banda da cerca. Vendo nisto o sinal de Deus fez el Rey uma fala desta maneira aos seus homens:

– Vide meus bons cavaleiros, e amigos! O Alam quer! O Alam quer! Animai os vossos corações; porque Deus nos dá confiança de nossos trabalhos, e fadigas, aqui passados serem cousas que não mais afronta nem perigo nos darão. Convosco ficará hoje a villa em nossas mãos; porque por este Alam nos deu testemunho Nosso Senhor.

E para que este feito não ficasse em perpétuo esquecimento tomou esta formosa villa o nome Alamquer...”


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