quinta-feira, 2 de junho de 2022

Prólogo

"Localizado o manuscrito, e voltando à secretária de trabalho, retirei o conteúdo do envelope e removi a protecção de plástico. Para melhor preservação do material, revesti as mãos com um par de luvas de látex esterilizadas e folheei as páginas com redobrado cuidado…

– O português é arcaico para os padrões actuais de escrita. Pelas datas, confirma-se que remonta ao século XVI. Nada de estranho, portanto...

Em cima da secretária tinha uma crónica escrita em papel almaço grosso, consistente e um pouco escuro. A pauta estava quase invisível e não havia correcções de palavras, nem de estilo, denotando ser uma cópia do original. As tabuadas ordenadas no final da crónica estavam incompletas, visto não passarem do décimo capítulo. O título não aparecia na lombada, mas na página a seguir à folha de guarda lia-se algo surpreendente: Joam de Barros na Asia. Abri a boca de espanto! Não queria acreditar que estaria perante algum inédito do famoso cronista que ficou para a posteridade como autor dos primeiros quatro volumes das célebres Décadas Da Asia!

Apesar da emoção inicial, depressa percebi não ser algum inédito a retratar a vida de quem deixara importante testemunho sobre os feitos dos portugueses no Oriente quinhentista. Deparei-me, isso sim, com as memórias de um homónimo. Esta narrativa das cousas testemunhadas pelos meus próprios olhos (...) foi escrita pela minha mão (…) neste Reyno do Sião, entre os anos de 1566, e 1570, da era de Nosso Senhor Jesus Cristo, relatava o desconhecido João de Barros".

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