Embora não fosse um aluno
brilhante, revelei uma natural inclinação para a disciplina de Português (e também
para a de Educação Física).
O primeiro clique ficou consolidado quando o nosso
professor de Português lia excertos de um conto, poucos minutos antes do toque
de saída. Assim fez ele, aula após aula, ao longo de um ano lectivo. O mesmo
professor também gostava de dar mérito a quem merecia. “Sim senhor, merece
palmas”, dizia, sempre que um aluno se destacava nas suas intervenções. Tentei ter este prémio, mas nunca consegui…
O segundo
clique sucedeu anos mais tarde, também na disciplina de Português. Nesta
altura, denotava já uma fácil desenvoltura para a escrita humorística. Numa
certa aula, fui incitado pela professora a ler um texto de minha autoria. Um
pouco envergonhado comecei a lê-lo, mas depressa ganhei alento após o primeiro
coro de gargalhadas. Ambos os casos sucederam há mais de trinta anos na Escola
Secundária Damião de Góis, em Alenquer.
A apetência
pela escrita ficou adormecida, até que a minha vida deu uma volta de 180 graus e
em 2004, sem nunca supor que tal viesse a acontecer, iniciei, por capricho do
destino, a actividade jornalística no outro lado do mundo, no longínquo
território de Macau. Em 2012, fui orador de uma palestra sobre “Os Portugueses
no Sião”, fruto das minhas constantes deslocações à Tailândia, e de entretanto ter
despontado em mim o interesse pela História dos portugueses no Oriente. No
final da palestra fui incitado a escrever um livro sobre a presença portuguesa
no antigo Reino do Sião, mas não iria acrescentar nada de novo ao que outros já
tinham avançado. O romance histórico foi o caminho natural a seguir.
Dez anos depois, eis que me preparo para lançar O Oriente Místico de Chao Bálos, que conta “o extraordinário testemunho de vida de um Português de nação”, que vai “do Reino de Narsinga, à Terra do Elefante Branco, e Ilha de Sanchoão” (entre outras paragens asiáticas).
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